segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Poesia para a casa nova

A casa é nova. Nova é a casa. A pessoa renova. E é renovada. A sala aumenta a vontade de estar. O quarto pede cama colo carinho para deitar. O sono se faz quietinho na manhã do dia seguinte ao amor. O vento vem varrendo a noite do dia anterior. O movimento da brisa faz tremer a chama da vela no castiçal, e cria sombras misteriosas do lado de lá. Na cozinha sabores cheiros novos e antigos se misturam ao ar da casa que  já foi de outro alguém. Uma formiga nativa percorre a parede detrás da mesa, em busca de ânimo para voltar. O som do violão macio a faz acordar. Espreguiça sorri e chora. Um dia novo a começar. Renasce a nova menina. A menina nova.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

V.T.N.C!!!!!!!!!!!!!!!!!
"Não te movas, dorme, dorme
O teu soninho tranquilo.
Não te movas (diz-lhe a Noite)
Que ainda está cantando um grilo...

Abre os teus olhinhos de ouro
(O Dia lhe diz baixinho).
É tempo de levantares
Que já canta um passarinho...

Sozinho, que pode um grilo
Quando já tudo é revoada?
E o Dia rouba o menino
No manto da madrugada..."

(Mário Quintana)
Não nasci para as coisas espertas do mundo.
Nasci para as coisas incertas;
Como o amor, a poesia e a arte.
Cálculo, para mim, só se for pra somar.
Dividir e multiplicar.
Subtrair, só se for a tristeza
Que vem sempre de algum misterioso lugar.
No meio do mar deserto
Em plenas estradas planas
Bem rente a orelhas nuas
A morte pede carona

Dissolvidas em azul celeste
Despidas de suas ganas
As almas giram e se desprendem
Seguindo em busca do prana

Vida inteira à procura do todo
Ora pois, aí é que se enganam
O pleno é o que não se fez completo
Sendo a falta a verdadeira chama

Corpos leves se despedem
Brindando a passagem com danças profanas
Saboreiam a liberdade ainda que tarde
Aguardando o desassossego da eternidade insana

Cadê o menino que vi?

Olhei e vi um ponto.
Olhei de novo e vi um ovo.
Mais uma vez, e uma barriga redonda se desfez
Trazendo vida nova à luz.
Era o menino que chegava.
Com sua áurea colorida e vibrante,
Vindo de mares revoltos e distantes,
Veio para ficar.
Por aqui aportou o bravo guerreiro
Trazendo estórias tão divertidas para ouvir e para contar.
-Vai, menino! Tão diversos caminhos te esperam,
E outros tantos que ainda há de criar...!
Olhei o menino e vi um.
Olhei de novo e vi vários.
Desde o pequeno ovo, olho agora e me pergunto:
-Cadê o menino?
Menino cresceu.
Mas nunca há de ir embora a essência marcante do menino de Ogum.