domingo, 31 de maio de 2009


Páro e miro um ponto

Dali faço um traço

Redondo que nem compasso

Tão grande que vaza o chão


Dali, penso em gente entrando, gente saindo

Em vias de mão dupla

Ou mesmo na contramão


Sinto o cheiro de frutas frescas

Que me enchem a visão

Gosto de observar cada detalhe

E guardo tudo na mesma condição


Neste círculo quase infinito

Povoado de criaturas paradas,

Correndo

Voando

Sendo,

Sentindo

Vibrando

Chorando

Rindo

Mirando em mim ou em outra direção


Amplio esse espaço todo dia que vejo necessidade

Esse espaço é o meu coração.


(Casa da Kika, 07-11-2001)

terça-feira, 26 de maio de 2009



Quisera todos serem movidos a paixões
Quisera elas pudessem nos guiar
Sem nos deixar morrer

Se morro de paixão
Também sem ela não posso viver

O que seria de mim seria morrer sem vida
Viver sem sangue
Viver sem vida?

Ó paixão, venha e me leve pro Oeste
Me leve pro Norte
Faça-te leve quando lhe convier
Mas muito mais,
Forte

Me deixe assim tão perto da vida
Tão perto da morte
Me leva, leva, leva, leve...
... até que eu suporte

(30-11-2005)

Motim acetinado
Veludo ofuscado por seu brilho intenso
Imenso vento que carrega tudo o que tem peso dobrado

Dourada cor que reflete estrelinhas incandescentes
Que pinicam que pinicam
Quando tocam a pele sã

Assim que caem no chão estalam
Fazendo barulinhos confusos
Picando que nem bolinhas de gude atiradas ao chão

De certo, são mais felizes assim
Nessa visão difusa
Nessa energia em parafuso
Onde se movem em vão
(06-3-2000 - Caraíva/BA)
Foto: Christofer Castro

Paula Jardim Duarte
Faz arte
Pedro Malazarte
Come tudo a la Carte
Quer construir casa em Marte
Chora toda vez que parte
Quando penso em ti me vem um tormento

Que vem feroz como estúpido vento

Ou como brisa leve de anunciação

No mesmo tempo, os momentos giram em torno de si mesmos

E as lembranças vêm como um passatempo

Magnéticas como a rosa-dos-ventos

Enigmáticas como o meu coração



(04-01-2002 - Pedacinhos do Céu)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Penso sinto dói o peito de um jeito nunca antes sentido...

...já sim. A gente é que se esquece e transforma a dor de hoje como singular.

A gente atualiza a dor de outrora e no evento presente ela se materializa.

Raciocínio é bom por isto: nada é; tudo está. "Tudo agora mesmo pode estar por um segundo", como já dizia Gilberto Gil.

Se pensar mesmo, não há razão de sofrer. Aliás, razão não combina com sofrer. Razão explica. Razão simplifica. Razão é o ponto final.

Emoção amplia, tortura, complica. É reticências no meio da escuridão...

Se tudo é relativo, porque há relação com alguma coisa, e tudo tem vários lados, a dor também é relativa. Rela, ativa, ativamente.

Quando estou no auge da dor, às vezes percebo em mim uma luzinha que diz que na realidade, nada importa. Nada é para sempre, apesar do tempo da dor ter a força da eternidade.

Enquanto eu aqui, me faço imensa na minha dor, na verdade sou grãozinho de areia no Universo inteiro. Enquanto estou aqui com esses sentimentos, isso não muda o rumo do mundo, a órbita da Terra ou a translação do Sol no Sistema (complexo) solar.

As plantas que precisam morrer, morrem, quem tem que nascer, nasce. Enquanto isso, há uma infinidade de situações que não se modificam porque eu estou modificada pela dor.

Os pardais ainda constróem seus ninhos nos sobrais das casas, as pessoas sempre estão apressadas na Praça Sete, os cabelos encaracolados se dissipam no vento de outono às seis da tarde na rua da Bahia com Gonçalves Dias e aposto que também continuam se transformando as dunas de areia lá de Mangue Seco...

No inverno as baleias Jubarte continuam migrando para a Costa Sul para realizarem a reprodução em águas mais quentes e os casais mais abastados vão curtir férias em Ibiza...

Os pais continuam preocupados com seus filhos, o milho cresce muito bem na Região do Triângulo Mineiro e as pessoas ainda morrem e nascem por amor...

domingo, 24 de maio de 2009


Está tudo úmido
Húmus
A terra fértil, os verdes intensos
Céu cinza
E plantas felizes não-todas
Querem um pouco de sol

Encho meu pulmão de ar
Depois de um cigarro bem tragado
O ar aqui é puro,
Ainda bem!
Pode ser que seja triste
Pode ser que seja bonito
Pode ser tão alegre
Que venha acompanhado de grito

Pode também ser muito
E até mesmo pouco
Mas tem que ser...
Tem que ter...

Pode ser mais
Pode ser menos
Mas nunca mais-ou-menos

Tem que ter intensidade
Eu sou assim...
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,

qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"


(Chico Xavier)

Star Dust


Quando ela veio
Foi mais que um sinal
Foi um grito, um barulho
Um apito

'Nada será como antes'
E nem depois.
Era de Aquário
Elemento Ar
A cabeça era de fogo
Depois, virou de vento

O coração sempre palpitou forte
Talvez mais acelerado que seus movimentos
Mas não mais que os passos
E muito menos os pensamentos

Pele branca de veias vermelhas
Altas emoções e
Baixa pressão arterial

Seu nome lhe condiz
Seu apelido lhe cabe
Tem dentro de si
Um ponto de luz

A vida para ela é muito além.
As palavras, suas mãos
As cores, sua condição

'Por detrás daquela pedra sempre há mais coisas para se ver'

Quando deixar este mundo
Não vai para a terra, vai pro espaço!
Ainda pequena, sonhava em ser astronauta.

Não vai virar pó
Vai virar poeira
Poeira de estrelas...