segunda-feira, 25 de maio de 2009

Penso sinto dói o peito de um jeito nunca antes sentido...

...já sim. A gente é que se esquece e transforma a dor de hoje como singular.

A gente atualiza a dor de outrora e no evento presente ela se materializa.

Raciocínio é bom por isto: nada é; tudo está. "Tudo agora mesmo pode estar por um segundo", como já dizia Gilberto Gil.

Se pensar mesmo, não há razão de sofrer. Aliás, razão não combina com sofrer. Razão explica. Razão simplifica. Razão é o ponto final.

Emoção amplia, tortura, complica. É reticências no meio da escuridão...

Se tudo é relativo, porque há relação com alguma coisa, e tudo tem vários lados, a dor também é relativa. Rela, ativa, ativamente.

Quando estou no auge da dor, às vezes percebo em mim uma luzinha que diz que na realidade, nada importa. Nada é para sempre, apesar do tempo da dor ter a força da eternidade.

Enquanto eu aqui, me faço imensa na minha dor, na verdade sou grãozinho de areia no Universo inteiro. Enquanto estou aqui com esses sentimentos, isso não muda o rumo do mundo, a órbita da Terra ou a translação do Sol no Sistema (complexo) solar.

As plantas que precisam morrer, morrem, quem tem que nascer, nasce. Enquanto isso, há uma infinidade de situações que não se modificam porque eu estou modificada pela dor.

Os pardais ainda constróem seus ninhos nos sobrais das casas, as pessoas sempre estão apressadas na Praça Sete, os cabelos encaracolados se dissipam no vento de outono às seis da tarde na rua da Bahia com Gonçalves Dias e aposto que também continuam se transformando as dunas de areia lá de Mangue Seco...

No inverno as baleias Jubarte continuam migrando para a Costa Sul para realizarem a reprodução em águas mais quentes e os casais mais abastados vão curtir férias em Ibiza...

Os pais continuam preocupados com seus filhos, o milho cresce muito bem na Região do Triângulo Mineiro e as pessoas ainda morrem e nascem por amor...

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