sábado, 5 de fevereiro de 2011

A vida em Três Atos - III Ato

E pela terceira vez,
Venho aqui comunicar
O incomunicável:
a existência, a dor de existir, a beleza de existir,
tudo isso,
e também a lua e o luar.
Luz que é luz não morre,
Se dissipa.
Vira partículas incandescentes se fazendo brilhar.
Me assusto, às vezes, com as pessoas.
Tem gente que tem medo de alma: espírito!
Ah! Eu também!
Mas o grande perigo - ói! se é que ele mesmo existe -
são as pessoas.
Que com suas grandezas - e pior, com suas pequenezas,
Teimam em reverberar.
Pessoas-corpos-copos-coisas-vidros-líquidos-cor-vidaódio-amor-dor-prazer-virando uma coisa só...
... tenho dó!
de quem não vive. De quem não erra. De quem não tem nem a chance de acertar. Não o acerto. Mas o alvo.
Tenho dó de quem não tenta
Ser aquilo que não é e nem nunca pensou ser...

A Vida em Três Atos - II Ato

A morte vem como princípio.
É norte.
A partir de então vem a vida.
Que tem corte.
Quiçá, mera interrupção.
Não fosse ela, ~tudo não teria direção.
E é por isso que grito!
Talvez por isso eu existo!
E certamente, por isso mesmo insisto!
Em terminar de dizer-de ser-de respirar-de pular-dearriscar-de inclusive,
estar disposta a terminar!
O renascimento, é esta a possibilidade que me faz
Todo o dia,
Morrer um pouquinho
Viver um pouquinho
Ar, ar, respirar!!
E em cada intervalo,
Meio que morrer-nascer
Rumo ao infinito
De querer crescer,
Ser,
Enfim...

A Vida em Três Atos - I Ato

- Não! Aqui não é a Casa da Mãe Joana!
- Sim, eu sei! Mas é que a casa está em festa!
- Pois é! E é para celebrar!
- Celebrar o que?A morte da bezerra?
- Não!
- ?
- Aqui essa gente toda celebra a vida!
- É???
- !!!
- !!!
- Vida!
- ...
- Copos, vidros, líquidos lambendo cristais...
- ...
- Sim! amores dissolvidos embebidos de cores...
- ...
- Corppos pequeninos e grandes. Dibersidades bailando misturadas aos minutos embolados que os segundos, apressados, tentam condensar...
- Então... aqui é festa?
- É! Claro que é festa!
- Estamos comemorando o que?
- Ora, que pergunta mais sem propósito... estamos celebrando aquilo que nos fez nascer: o Amor!