Queria vontade de estrelas
Estrelas mortas
Memso assim, ainda aqui de baixo, chegam suas luzes duradouras
Todas elas contilantes, cada qual respeitando a sua dimensão
Queria brilho de estrelas,
Cataventos coloridos em tom pastel, girando à brisa mansa das manhãs,
Deixando a paisagem com cheiro de algodão doce e infância
Queria as montanhas macias de veludo verde que a distância cria
E as ovelhas e boizinhos de cupim nas costas que nelas pastam
Transformando a visão em maquete.
Queria manto da noite
De cetim negro cintilante
Salpicado de pó de estrelas
Envolvendo as pessoas todas
Embrulhando-as num sono profundo e restaurador
Para acordarem no dia seguinte vestidos de sensação de céu azul e luz amarelinha e morna...
Queria a canção mais bonita
Daquela de fazer a alma e o corpo cantarem uníssonos
Melodiosas notas simples e profundas
Queria abraço de criança -
a expressão mais perfeita da expontaneidade e pureza
Queria o olhar de uma criança,
De olhos grandes e novinhos
E olhar piedoso de boi zebu,
Manso, atento e sincero
Queria beijo de moço longo
Altivez embriagante e prosa de poesia eterna
Mordendo os lábios de maneira fogosa
E queimando o corpo com sabedorias de outrora
Queria esse moço de me conhecer da época em que eu ainda era estrela
Queria um suspiro
Pra aliviar todo que não presta
Pra excretar o que já precisa ir embora e teima em sedimentar
Queria afundar a mão na água mole e macia
De deslizar os dedos abertos a encostar em peixinhos dourados viscosos e escorregadios
Queria dourar minha cama d´água com esses peixinhos
E mergulhar junto deles num rio de luz
Queria acordar de mansinho,
Num espreguiçar dengoso
Esticando meus pés e me contorcendo num edredom de nuvens
Pra me aconchegar de novo
Com o vento balançando o berço no céu
Queria estar aqui e agora
Onde estou
Exatamente nesse mesmo lugar, na mesma condição
Aqui, vivo o que preciso e o que escolhi viver
Tudo isso faz parte de mim
A cadeira dura do metrô. O apinhado de gente multifacetada e multicolorida ao meu redor. O cheiro de suor. O cansaço de todo o dia e do dia anterior. O céu que escurece. O zum zum zum dos diálogos ininteligíveis. A tosse da menina ao lado. As esperanças de cada um no dia de amanhã. A minha esperança no dia de amanhã.
A minha vida.
Agora.
Estrelas mortas
Memso assim, ainda aqui de baixo, chegam suas luzes duradouras
Todas elas contilantes, cada qual respeitando a sua dimensão
Queria brilho de estrelas,
Cataventos coloridos em tom pastel, girando à brisa mansa das manhãs,
Deixando a paisagem com cheiro de algodão doce e infância
Queria as montanhas macias de veludo verde que a distância cria
E as ovelhas e boizinhos de cupim nas costas que nelas pastam
Transformando a visão em maquete.
Queria manto da noite
De cetim negro cintilante
Salpicado de pó de estrelas
Envolvendo as pessoas todas
Embrulhando-as num sono profundo e restaurador
Para acordarem no dia seguinte vestidos de sensação de céu azul e luz amarelinha e morna...
Queria a canção mais bonita
Daquela de fazer a alma e o corpo cantarem uníssonos
Melodiosas notas simples e profundas
Queria abraço de criança -
a expressão mais perfeita da expontaneidade e pureza
Queria o olhar de uma criança,
De olhos grandes e novinhos
E olhar piedoso de boi zebu,
Manso, atento e sincero
Queria beijo de moço longo
Altivez embriagante e prosa de poesia eterna
Mordendo os lábios de maneira fogosa
E queimando o corpo com sabedorias de outrora
Queria esse moço de me conhecer da época em que eu ainda era estrela
Queria um suspiro
Pra aliviar todo que não presta
Pra excretar o que já precisa ir embora e teima em sedimentar
Queria afundar a mão na água mole e macia
De deslizar os dedos abertos a encostar em peixinhos dourados viscosos e escorregadios
Queria dourar minha cama d´água com esses peixinhos
E mergulhar junto deles num rio de luz
Queria acordar de mansinho,
Num espreguiçar dengoso
Esticando meus pés e me contorcendo num edredom de nuvens
Pra me aconchegar de novo
Com o vento balançando o berço no céu
Queria estar aqui e agora
Onde estou
Exatamente nesse mesmo lugar, na mesma condição
Aqui, vivo o que preciso e o que escolhi viver
Tudo isso faz parte de mim
A cadeira dura do metrô. O apinhado de gente multifacetada e multicolorida ao meu redor. O cheiro de suor. O cansaço de todo o dia e do dia anterior. O céu que escurece. O zum zum zum dos diálogos ininteligíveis. A tosse da menina ao lado. As esperanças de cada um no dia de amanhã. A minha esperança no dia de amanhã.
A minha vida.
Agora.
Você escreve muito bem. Gostei tanto quanto de 'Passagens'.
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